Fumar no carro torna o ar a bordo dez vezes mais poluído
Maior estudo sobre concentrações de partículas nocivas apurou valores três vezes acima dos limites de segurança para a saúde
Onde é que a poluição do ar é potencialmente mais perigosa para a saúde? Numa viagem de automóvel em que um dos ocupantes fuma, mesmo com a janela aberta, ou à beira de uma estrada movimentada no centro Londres? A resposta surge esta semana num estudo publicado na revista científica “Tobacco Control”. Investigadores escoceses analisaram pela primeira vez a concentração de partículas nocivas para a saúde em viagens reais de fumadores e não-fumadores. Nas viagens com fumo, os níveis de poluição do ar são dez vezes superiores aos registados nos carros de não-fumadores. Mas a surpresa maior surge na comparação com o ar da Marylebone Road, uma das principais artérias da capital britânica com três faixas em cada sentido. Os carros com fumo a bordo revelaram-se quatro vezes mais poluídos.
Os investigadores recomendam que, à luz destes resultados, os países procurem proteger a saúde dos cidadãos quer através de legislação quer de uma maior sensibilização para o impacto de fumar num carro. Em Abril, o ministro da Saúde, Paulo Macedo, anunciou que a proposta de revisão da lei do tabaco que o governo pretende entregar no parlamento irá proibir o fumo em viaturas que transportem crianças mas para já o projecto não é conhecido. Sean Semple, autor do trabalho, explicou ao i porque motivo esta é a população mais importante em termos de protecção legal: “As crianças têm pulmões mais pequenos, respiram mais depressa e têm sistemas imunitários menos desenvolvidos, por isso podem ser mais susceptíveis aos efeitos do fumo passivo.” Por outro lado, e talvez mais importante, adiantou o investigador da Universidade de Aberdeen, “é expectável que as crianças tenham menos a dizer sobre o ambiente a bordo do carro. Um adulto não-fumador pode pedir ao fumador para não fumar mas uma criança não tem essa escolha.”
O i tentou perceber junto do Ministério da Saúde em que ponto está a revisão da lei, sem sucesso. Nos últimos meses o governo adiantou que pretende reduzir os locais de venda de tabaco e restringir o fumo em espaços fechados. Neste novo estudo, os investigadores comparam viagens em automóveis de fumadores com o ambiente dos bares londrinos e escoceses antes da proibição do fumo. Ao terem avaliado pela primeira vez 104 viagens de fumadores e não-fumadores, o maior estudo do género até à data, dizem-se capazes de refutar associações abusivas feitas em estudos anteriores, que davam conta de habitáculos 11 vezes mais poluídos com partículas prejudiciais do que bares com fumo. Os investigadores estimam que a concentração média de partículas com menos de 2,5 mícrons nas viagens com fumo – perigosas por poderem entrar no organismo pelas vias aéreas e provocar lesões – seja cerca de um terço da verificada nos bares mais fumarentos antes da proibição.
Ainda assim, o nível médio encontrado – 85 microgramas por metro cúbico de ar – excede três vezes os limites de segurança da Organização Mundial de Saúde. “Ter um carro sem fumo é um passo simples para proteger a saúde da família”, defende Semple.
fonte: http://www.ionline.pt/portugal/
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