A canabis afeta negativamente o cérebro dos jovens quando o consumo se inicia antes dos 18 anos, conclui um estudo levado a cabo por duas instituições de ensino dos EUA e do Reino Unido. Os efeitos secundários do consumo são vísiveis ao nível da inteligência, da memória e da atenção.
Testada na Nova Zelândia, a investigação demorou cerca de 40 anos a estar concluída e foi realizada pela Universidade de Duke, no estado da Carolina do Norte, e pelo King's College, em Londres.
Durante esse período, foram seguidas perto de mil pessoas, desde o nascimento até à idade de 38 anos, que tiveram que realizar uma série de testes psicológicos a partir dos 13 anos. Um dos testes era o do Quociente de Inteligência (QI).
Terrie Moffitt, um dos autores do estudo e professor no britânico King's College, explica que foram testadas as "capacidades mentais de jovens antes de terem experimentado canabis" e que, 25 anos depois, os testes se repetiram "quando alguns jovens já se tinham tornado consumidores crónicos" de canabis.
Assim, concluiu-se que as pessoas que se viciaram durante a adolescência (antes dos 18 anos) tinham um QI até oito pontos inferior ao das pessoas que consumiram a droga depois dos 18 anos ou àqueles que, simplesmente, não a consumiram.
Para Madeline Meier, uma das investigadoras do projeto na Universidade norte-americana de Duke, "alguém que perde oito pontos de QI na adolescência pode estar em desvantagem em relação aos seus pares nos anos que se seguem".
Robin Murray, professor e investigador na área da psiquiatria em King's College, também afirma que um consumidor crónico de "canabis parece perder gradualmente as suas capacidades e, no fim, acaba por progredir muito menos do que se teria antecipado".
Quanto mais cedo se consumir, piores as consequências
No entanto, o estudo parece indicar que mais decisivo do que a altura em que se deixa de consumir a droga é o momento em que uma pessoa a decide experimentar. Quanto mais cedo, maiores são as consequências uma vez que depois dos 18 aos o declínio do QI não é tão visível.
Para um dos líderes da investigação, Avshalom Caspi, "a simples mensagem é que esta substância não é saudável para os jovens" e este facto é "verdade para o tabaco, para o álcool e aparentemente para a canabis".
Robin Murray, que não participou no projeto, diz que a investigação é "provavelmente o estudo de grupo mais intensivo do mundo e, por isto mesmo, os dados são muito bons". Ainda que o professor afirme que esta conclusão não possa ser tomada como garantida, adianta que os investigadores "são dos melhores epidemologistas do mundo".