Artigo enviado para a revista Dependências, a pedido da mesma...
O Projeto (In)Forma-te, animado por uma equipa de técnicos empenhados em fazer a diferença relativamente a um problema tão sério quanto epidémico como o uso e abuso de substâncias, iniciou há seis meses, em Outubro de 2010, a respectiva missão: possibilitar a quem procura relaxar nos locais de diversão nocturna, uma experiência livre de sobressaltos desnecessários causados por consumos excessivos e/ou desinformados de substâncias psicoativas. Adicionalmente, procurar que a ação do Projeto abrangesse espaços diurnos em que a sua acção fizesse sentido, nomeadamente em escolas, e nas suas imediações, e em alguns bairros socialmente mais problemáticos da Ilha Terceira. Assim sendo, o Projeto tem, por exemplo, desenvolvido um trabalho regular de realização de giros noturnos e diurnos nos territórios identificados como prioritários (quer nas cidades da Ilha, quer nas freguesias rurais), tem realizado contatos de sensibilização com todos os responsáveis de espaços noturnos da Ilha, estabelecido propostas de colaboração com instituições escolares, divulgado o Projeto junto de entidades (Polícia de Segurança Pública, Câmaras Municipais, Comissão de Festas, por exemplo) e sociedade em geral e tem participado em ações de sensibilização que decorreram na Ilha Terceira (em escolas profissionais e do ensino regular).
Apesar da pequena dimensão da Ilha Terceira e do número de habitantes não ser muito elevado (55 000 habitantes), a tarefa não ia ser facilitada. A começar nas idiossincrasias que fazem da Ilha Terceira uma região tão especial, como o fato de albergar duas cidades tão contemporâneas quanto cosmopolitas, bem como regiões de características rurais tradicionais. O trabalho nos locais de diversão noturna deveria, pois, ter em conta as diferenças acentuadas entre os respectivos frequentadores. Como escolher, nas abordagens noturnas de rua, as informações adequadas, se as diferenças entre habitantes podem ser tantas? Combinar um trabalho tão exigente com esta heterogeneidade concentrada, não se afigurou fácil nas primeiras sortidas. A cada reunião de equipa, novas conclusões e renovadas estratégias foram aplicadas no terreno e o Projeto foi sendo acolhido com cada vez mais curiosidade, ganhando força para espalhar a intervenção. Bares, discotecas, cafés, restaurantes foram visitados por uma Equipa disposta a ouvir e a informar, sem juízos de valor, utilizando as ferramentas ganhas ao longo do tempo com as formações e reuniões de equipa. Nas Escolas, os alunos apresentavam também as características heterogéneas dos frequentadores da noite sendo, por vezes, os mesmos. Começou-se aqui um trabalho de vanguarda que visou, por exemplo, a desmistificação de informação enganadora em relação ao álcool e drogas. Aprofundou-se o tema da pressão do grupo de pares, tão negativamente influenciadora na Ilha Terceira. Com a ajuda dos panfletos informativos, fitas de pulso e do alcoolímetro do Projeto, foi mais fácil iniciar conversas esclarecedoras ou apenas desbloqueadoras de alguma timidez pela inusitada abordagem. O blogue http://projectoinforma-te.blogspot.com revelou-se, com as 3000 visitas atingidas, uma plataforma valiosa para chegar àqueles públicos menos dispostos à abordagem direta na rua, onde a Equipa do Projeto apostou em reforçar informação veiculada durante o trabalho de rua.
Seis meses depois, a comunidade reconhece o Projeto (In)Forma-te como essencial no apoio ao desenvolvimento saudável dos seus jovens, pedindo colaboração à Equipa em vários eventos, como na bem conhecida festa das Sanjoaninas 2011. Seis meses depois, o Projeto (In)Forma-te ganhou vitalidade por perceber a inevitável necessidade de uma intervenção deste tipo, apostando cada vez mais na formação, no aprofundamento do conhecimento, aperfeiçoando o trabalho realizado. A base está lançada e consolidada. Mais desafios estão à espreita…
O Projeto (In)Forma-te é financiado pela Direção Regional da Prevenção e Combate às Dependências, baseando-se numa parceria entre a Cáritas da Ilha Terceira, o Centro Comunitário da Terra Chã e a Ajiter, contando, igualmente, com a colaboração da Equipa de Jovens em Risco do Instituto de Ação Social dos Açores. A supervisão do Projecto é assegurada pelo IREFREA Portugal através do Dr. Fernando Mendes.
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